quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tempo...

 

Tempo;

é o que preciso, e mais falta tenho.

É o que quero, e o que não existe.

 

É por tempo que grito,

mas que não recebo.

E é tempo que perco, enquanto me decido.

 

E neste vasto tempo, conto o tempo que não passa,

sempre que a dor de mim toma conta,

e mais uma ferida me trespassa.

 

Mas se a caso preciso de mais tempo;

é coisa que não me calha,

é tempo que escasseia.

Será a sorte que me falha?

 

Só preciso de tempo

para fazer a escolha que nunca fiz -

para poder fugir ou ficar,

para cair ou chorar,

para lutar e ser feliz.

 

Mas por mim o tempo, passa e corre depressa demais;

como o vento de tempestade,

como as chuvas geladas de temporais.

 

Eu só queria tempo!

Tempo para ser menina, para ser mulher,

para poder desistir ou fazer acontecer.

 

Preciso de tempo para me decidir:

Entre querer o amor, ou do amor poder fugir.

Mas não tenho esse tempo - Palavra composta por 5 letras;

escrita em tantas e tantas frases,

e espelhada em vastos poemas.

Nas obras com tanto tempo,

de intemporais poetas.

 

E é dessa palavra que eu tanto preciso - O tempo que falta…

o tempo pedido.

Eu só quero tempo; esse tempo que não vem…

o tempo que não me diz quem sou, e não faz de mim alguém.

 

É por esse tempo que anseio;

e se não chega, eu tenho medo.

 

Esse tempo que é o remédio, que me faz voltar a lutar;

salva-me do desespero de não ter mais tempo..

para poder amar, querer e sonhar.

 

Se o tempo que eu tenho, é a cura para todos os problemas;

porque passo eu tanto tempo

por entre teias dos meus dilemas?

 

 

Já tive o tempo, em que ter tempo era pior do que tudo;

era ter tempo para gastar, tempo para não pensar,

tempo para correr o mundo.

 

Mas agora quero e preciso de tempo,

para falar tanto que tenho calado…

tempo para concertar,

aquilo em que errei - corrigir um passo mal dado.

Só que agora, que desse tempo preciso - esse tempo não vem -  

não me é tempo concedido.

 

Ah, se eu um dia tiver tempo,

para poder o tempo aproveitar;

eu vou dizer o que nunca disse…

vou amar como se não houvesse amanhã -

como se o tempo pudesse parar.

 

Sim! Eu vou ter tempo de existir!

 

*

 

 

Reflecção:

 

O tempo agiganta-se para todos os que apenas podem  existir, e apequena-se para os que tem a plenitude de poderem ser.

 

Este é o resultado de ter demasiado tempo para perder...

e faltar-me muito tempo para poder ganhar.

Agradeço a quem perdeu tempo, a ler algo de quem tem falta de tempo para ser feliz, e tem demasiado tempo para não ter mais do que o suficiente, para ser pequeno ponto no vasto universo.

 

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